sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Meu presente de Natal




Livros. Vinhos também, talvez algum CD. Mas livros. Sobretudo livros. 

Eu ia pensando nisso hoje à tarde, tentando comprar os presentes do povo aqui de casa, nesse momento agradável que é a ante-véspera de Natal, com todas os moradores desta cidade nas lojas, dando coices e cotovelaços uns nos outros, para conseguir fazer suas compras antes que chegue o fim do mundo. Juro: se eu ouvir mais uma vez a Simone cantando a música do John Lenon, eu vou apedrejar alguém. 

Foi então que entrei em uma livraria. E fiquei o restante da tarde. E todo o resto silenciou. A verdade é que não é de hoje que as livrarias me trazem um sentimento ambíguo. De um lado, uma vontade sem tamanho de ficar ali para sempre. Sozinho, com meus amigos, com todos de quem gosto. Ler um livro quieto. Olhar tantos outros. Comentar. Porém, junto vem uma angústia tremenda. De que adianta me afundar em dívidas e ceder ao consumismo, comprando muito mais livros do que posso pagar, se meu tempo é pouco? Quando é que vou ler todos esses livros? Admiro pessoas como Charlles Campos, que organizou sua vida profissional de modo a poder ler. Eu tentei fazer também, mas alguma coisa não está dando certo.

Assim, esqueçam o que eu escrevi acima. Livros são bem-vindos, claro, mas eu quero mesmo é tempo para ler. Ler com calma, pensando no que leio, fazendo relações, imaginando, criando mundos com a leitura, afinando meu olhar sobre tudo, através dessa arte. É isso. Quem me der tempo para ler, terá me feito um presente de rei.

5 comentários:

  1. Meu caso talvez seja patológico, Farinatti. Mas há um aspecto que lhe passou desapercebido, e que é um pecado: a sua vida está toda centrada na leitura, a leitura é a razão de ser da profissão que você escolheu. E sempre existe tempo para a leitura. Facemos como o Milton Ribeiro: ler em ônibus, em filas de bancos. Assim vamos resgatando aos poucos o tempo livre absoluto que nos é de direito.

    Forte abraço.

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  2. Isso é verdade, Charlles. Um dos maiores motivos pelo qual decidi tornar-me professore universitário e historiador é o fato de que ler faz parte da minha profissão. No post, porém, eu me referi a ler os livros que não estão diretamente envolvidos nas minhas aulas e pesquisas. Desde literatura, passando por livros de história fora da minha área (e mesmo a atualização da minha área, quem nem sempre consigo acompanhar como queria) e também livros de sociologia, antropologia e divulgação de biologia e física.
    Sei, sei, devia procurar emprego em um farol. Mas aí eu iria sentir falta das pessoas... A chave está em construir esse tempo, como você bem disse.
    Um abraço!

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  3. Me identifiquei com seu post e com a resposta do comentário. Pois, além de aficionado pela leitura, também disponho de pouco tempo para ela, além das do meu próprio curso.
    Esse mês mesmo me presenteei com alguns - vários - livros; após a compra me perguntei: "Quando vou achar tempo para ler todos esses livros?"
    A verdade é que eu tenho conseguido, utilizando a técnica do comentário anterior também, mesmo com TFG e oito matérias; lendo no carro, no estágio, no intervalo do almoço...
    Entretanto, por vezes, percebo estar lendo vários livros concomitantes. Não lhe acontece, professor?
    Inclusive, com sua licença, vou aproveitar esse comentário para pedir um auxílio, uma vez que minha área não é a história em si. Necessito de bibliografia acerca a história do trabalho. Encontrei o "Trabalho da Política" de Vicente de Paula Faleiro, que mostra a evolução dos direitos trabalhistas no Brasil, e "Mundos do Trabalho" de Eric Hobsbawm, porém esse tem um foco na inglaterra. Se o senhor puder me ajudar com qualquer indicação, envie para ribeiro.airton@hotmail.com
    Desde já agradeço. E o parabenizo pelo blog, que por indicação tenho acompanhado. Abraço, professor.

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  4. Balburdia de compras de natal.
    Mas quando entra na livraria: silêncio...
    Que triste né? Constata que a maioria das pessoas não busca presentes em uma livraria...

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  5. Pois eu até acho que já foi pior. Na verdade, creio que silêncio ficou por conta da minha própria imersão em um estado de espírito novo, quando fico rodeado de livros.

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