segunda-feira, 4 de julho de 2011

Amigos Perdidos - I

Onde está Vitor Simon?
Hoje fui levado por um vagalhão daquilo que o Quintana chamara de "marés montantes do passado". Cometi a imprudência de abrir uma pasta que eu mesmo havia etiquetado, sei lá quando, com a palavra "memória". Fui abrindo papéis com textos e textos e textos. A maioria meus. Da adolescência ou pouco depois. Uma pá de coisa para me envergonhar. Outras mais a estranhar. Escritas por um sujeito que pouco reconheço. O que já era de se esperar, afinal, quase uma vida passou.
Mas, no meio das minhas coisas, lá estavam algumas páginas esporádicas com outra letra. Eram contos e poemas do meu amigo Vitor Simon. Queríamos ser escritores. Trocávamos esses papeluchos eventualmente, para apreciação crítica ou simplesmente para nos comunicarmos.
Eu tinha amigos mais próximos. Eu era um sujeito espalhado. Ele também tinha muitos outros amigos, mesmo sendo bem alemão. Mas, lendo os textos, percebi que gostava muito das nossas conversas. Ganhei dele as Iluminuras, do Rimbaud. "Para ler entre um aniversário e outro", está no cartão.
Do nada, me veio a perfeita percepção de que gostaria de tomar uma cerveja e ter longa conversa com o Vitor. Saber se ainda escreve. Trabalha no que? Se tem filhos, se vive com quem ama. Que coisas andou vendo nesse tempo todo. Meu bom-senso imediatamente me lembrou que amigos assim, afastados há década e meia, melhor é que não se encontrem. Sempre são melhores na memória. Já tive uma experiência triste que deveria ter me vacinado definitivamente contra isso.
Mas, sabe como é, uma das minhas características mais notáveis é que, vez por outra, costumo meter os pés pelas mãos. 
Então escrevo este post, como uma garrafa ao mar.
E sou tão desajuizado, que talvez transforme isso numa série.
Eu sou um desastre.

8 comentários:

  1. Preservado nas lembranças, nas memórias, na letra guardada, encontrado rapidamente, resgatado. Fico na torcida pelo reenlace da amizade. Parabéns Vitor Simon, pelo amigo.

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  2. Achou. Esse mar é bem menor que a gente imagina. Estou lisonjeado com o post. É uma honra ser teu amigo, mesmo que hoje seja mais em memória. Ainda sonho em ser escritor, embora tenha me tornando menos entusiasta e sonhador, o que não sei dizer se é bom ou ruim. Tenho uma filha, moro em São Leopoldo e trabalho como redator publicitário. E espero que a gente se encontre em breve para aquela cerveja. E definitivamente, para mim você jamais será um desastre.

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  3. Vitor!
    Que legal, cara! São Leopoldo não é no fim do mundo. Moro em Santa Maria, mas vou seguidamente a Porto Alegre. Vamos conversar sim.
    Tua filha é a das fotos? Linda.
    Nós temos o Miguel, de dois anos.
    Grande abraço!

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  4. Ah... e se tu és redator, pelo menos está perto da escrita. Eu, como historiador, escrevo textos acadêmicos. Vamos tangenciando. Mas, lendo teus textos de juventude, fiquei impressionado: tu já eras MUITO bom.

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  5. Então o convite para passar lá em casa está lançado. Mando informações de contato para teu e-mail, certo?

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  6. Que lindo! Você fala do Vitor e logo depois ele aparece aí, que legal! É como acompanhar uma mini-novela com final feliz.

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  7. Caminhante, logo depois de escrever o post, resolvi procurar o Vitor no Facebook, coisa que deveria ter feito desde o começo. Mas acabou funcionando literariamente.

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