Assisti ao gre-NAL no estádio,
tiritando de frio e me maldizendo por ter deixado os agasalhos no carro,
esquecendo-me do vento gelado que sopra na beira do Guaíba. O Inter foi para o
jogo todo esgualepado, sem cinco titulares. O Grêmio não tinha o Gladiador, o
que é uma ausência importante. O jogo foi a cara dos dois times: muita
marcação, muita entrega, pouco talento. Ainda assim, no primeiro tempo, o
árbitro Márcio Chagas da Silva conseguiu protagonizar dois lances lamentáveis.
Primeiro, o defensor do Grêmio espalmou um chute de Guiñazú dentro da área.
Pênalti claro não marcado. Tão constrangido ficou que, depois, não deu pênalti
muito parecido, de Rodrigo Moledo, na área do Inter. Isso mesmo, seu juiz, tem
que ter critério. No caso, o critério é cometer absurdos para os dois lados.
No Internacional, se é de
lamentar as carências do grupo, não é possível reclamar da garra do time. Foi
brigador o tempo inteiro. Jackson, grata surpresa, foi muito firme e, mesmo
improvisado, foi suficiente para anular o On-Off Miralles a ponto de fazê-lo
ficar no vestiário. O jogo foi equilibrado, com pequena supremacia do Inter,
que perdeu um gol com Damião cabeceando, sozinho, na marca do pênalti, mas de
uma forma tão delicada que Vitor quase agradeceu. O gol de Dátolo, que não
jogava bem, foi a única jogada de talento do time. Depois de Damião disputar a
bola contra 38 zagueiros do Tricolor, o argentino pegou a sobra de pé direito
(que não é o bom) e deu uma bomba, cruzada. Vitor adivinhou o canto, pulou uma
semana antes e, ainda assim, nada pode fazer. É bom que o Grêmio não esteja
jogando a Libertadores: vai gostar de tomar gol de argentino assim lá em Santo
Tomé, heinhô Vitor.
No segundo tempo, Luxemburgo
trocou o esquema suicida que empregara na primeira etapa e seu time melhorou,
fez um gol em uma bobagem de Moledo e jogou 20 minutos muito bem. Aí Luxemburgo
resolveu ajudar o Inter. Deu um tapa e tentou esgoelar o gandula, que repusera
a bola rapidamente para Dátolo bater escanteio. Foi um escarcéu, acabou expulso
e o Grêmio desandou sua reação. O Inter ganhou ímpeto e recomeçou a atacar. Era
um escanteio e o Inter tinha na área os dois zagueiros, Jô e Damião. Aí faltou
gente para marcar Fabrício, que apareceu voando no primeiro pau e deu um
tijolaço para dentro do gol, quase furando as redes e indo parar na torcida do
Grêmio.
O jogo, então, foi para o final
sem maiores emoções. Digo, sem emoções para quem via em casa e sem compromisso.
Para quem estava no estádio tremendo de frio, o final foi tenso, como sempre.
Não gosto de Gre-Nal, fico muito nervoso. Mas quem disse que eu consigo largar
o marvado?
Luxemburgo escondeu a escalação
até a hora da entrada em campo. Entrou com 18 jogadores e, só quando se
posicionavam, deu para ver que time jogaria. Talvez estivesse escondendo de
vergonha, pela pataquada que fez escalando um 4-3-3 que fragilizou o meio-campo
em favor dos inoperantes Bertoglio, André Lima e Miralles. Corrigiu no segundo
tempo, mais aí, fez aquela baboseira com o gandula. Está devendo à torcida.
Além da péssima partida (ou ruindade mesmo... não sei, não acompanho o Grêmio)
desses três jogadores e de Marco Antônio e de Gabriel, o Grêmio deveria ter
mais uma preocupação. Antigamente, a equipe se segurava nas bolas altas, agora,
nem isso. Perdeu quase todas, inclusive tomando um gol. Mas isso não é problema
meu.
O Inter, sem meio time,
esforçou-se muito, marcou muito (basta dizer que os destaques do time foram
Tinga, Guiñazú e Sandro Silva). A falta de qualidade foi compensada com
entrega. Talvez o grande emblema dessa dedicação a morder o calcanhar dos
adversários, o tempo todo, tenha sido, ao final da partida, o encontro de Sandro
Silva com o eterno Caçapava - centromédio marcador do Inter dos gloriosos anos
70. O repórter captou o áudio do diálogo entre os dois e todos pudemos ouvir,
em alto e bom som, o velho Caçapa, que é do tempo anterior ao politicamente
correto, dizer ao Sandro, enquanto provavelmente o abraçava: “Tu tá jogando uma
barbaridade, EM Ô NEGRÃO: VAI TOMÁ NO CU!” Se não valesse por mais nada, ganhar
do Grêmio e ouvir maravilhas já teria justificado minhas orelhas geladas.
DÁ-LHE INTER!!
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