quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Formatura. Alegria, Alegria!


No sábado, fui à  formatura de meus ex-alunos da Unifra.
Quase derreti por debaixo da beca. A grande maioria das pessoas odeia formatura. Geralmente, há mesmo muito para odiar: calor e ar condicionado que não dá conta; músicas bregas; uma ou duas organizadoras furiosas; decoração exagerada; discursos que seguem fórmulas óbvias; pais que insistem em levar crianças de colo; o berro dessas crianças; buzinas.
Porém, eu sinto diferente. Quando a formatura é de alguém que gosto, eu realmente adoro a solenidade. É um momento onde muita gente está feliz junto. Uma catarse como só os ritos de passagem podem ser. Nesse caso, gostei do discurso do Leandro, orador, e adorei o da Nikelen, paraninfa. Se bem que, no caso dela, não julguei com discernimento, porque eu a estava achando bem bonitinha.
Quando participo, como paraninfo ou homenageado, o que era o caso então, gosto de ficar olhando para os pais e avós dos formandos. Aqueles velhos do interior, vindos sabe-se lá de que biboca, com seus bigodes brancos, com suas camisas recém compradas e ainda não lavadas, que parecem sempre menores do que deviam. Olhando para seus filhos no telão como se estivessem presenciando um passe de mágica. Aquelas mulheres cujas mãos cheias de calos receberam o acréscimo de uma orgulhosa pulseira, mal acomodadas no vestido feito sob medida por uma comadre que é costureira. Olhando para seus filhos quando passam no corredor como se eles fossem os únicos a se formar. Como se nada mais houvesse no mundo.
Assim que a coisa acabou, me atirei do palco e fui abraçar cada um deles. E receber dos pais vários abraços como se eu fosse uma pessoa conhecida de muitos anos. Pouca coisa pode superar isso na vida de um professor. É piegas, mas fiquei contaminado pelo clima.
Depois, fomos para a festa do Max, Leandro e André. Quando íamos embora, a mãe do Leandro sequestrou o Miguel e o levou para a pista de dança. O guri dançou, dançou, dançou, deu um beijo na namorada do Leandro e só parou quando eu e a mãe dele o arrancamos de lá, sob gritos de protesto.

3 comentários:

  1. Na minha formatura de veterinária ocorreu um fato inusitado. Um ano antes da festa, víamos uns senhores de cara amarrada, gordos, que estacionavam grandes caminhonetas nos pátios da escola, indo atrás do presidente da comissão.

    Daí, um certo dia, tudo veio à tona: eram cobradores. Nosso presidente havia pego dinheiro da conta de formatura para fins pessoais, comprando gado e agiotando.

    Foi um escândalo, jornais locais noticiaram o fato. O presidente era um cara carismático, aparentemente incorruptível.

    Resultado: tivemos que fazer a nossa festa em um clube de terceira classe; mapas foram distribuídos para que soubéssemos onde era o salão de festas, muito longe da cidade.

    Além do processo criminal, o dito presidente teve uma justiça quase na medida: havia conseguido com sua lábia profissional o emprego de gerente de uma das maiores fazendas pecuárias do país. O salário era quase de três dígitos. Mandamos todas as informações oficiais e as denúncias para o proprietário das terras, e o cara, um dia depois, estava demitido.

    ResponderExcluir
  2. Charlles
    Bem feito para ele! Como é bom ler histórias onde os cretinos se dão mal.

    Há alguns anos, tivemos um caso parecido por aqui. É um clichê mas, dá dinheiro ou poder para a pessoa e terás uma ótima oportunidade de conhecer o sujeito!

    ResponderExcluir
  3. "Assim que a coisa acabou, me atirei do palco e fui abraçar cada um deles. E receber dos pais vários abraços como se eu fosse uma pessoa conhecida de muitos anos".
    Essa sua frase professor tem um significado que a sua outra a responde ou a explica "Pouca coisa pode superar isso na vida de um professor".
    Mais uma vez levo um aprendizado como tantas de suas aulas...
    Abraços André Corrêa

    ResponderExcluir