É sabido que o Imprevisível é um dos deuses do futebol. Mas é um deus caprichoso. Hoje, ele deixou que se mantivessem seis constantes universais. E resolveu se manifestar por intermédio de apenas um jogador. Ele veio do limbo e seu nome era Zé Roberto.
Primeira constante universal: a zaga do Inter toma um gol com sua ridícula linha do impedimento. Dessa vez foi Lúcio, recebendo lançamento primoroso de Douglas, jogador que consegue irritar as duas torcidas em campo. Falcão sabia que tinha que fazer algo para solidificar a defesa porosa do Inter. Pensou que colocando Juan na lateral esquerda e, à frente da defesa, uma linha com três defensores (Bolatti, Guiñazú e Kleber), iria minimizar o problema. Ledo engano. O time não se achava, o amontoado de jogadores na defesa virou uma geleia que não conseguia conter os deslocamentos de Viçosa e Lúcio pela esquerda e os lançamentos de Douglas. Nos primeiros 25 minutos, o Grêmio fez um gol e amassou o Inter. Deu um banho de bola. Juan deu um pataço no lépido Leandro e amarelou-se. A torcida tricolor chegou a gritar Olé. Os colorados temeram um fiasco histórico.
Segunda constante universal: Leandro Damião faz, ao menos, um gol por jogo. Aos 25 minutos, Falcão trocou Juan por Zé Roberto, revertendo o esquema chama-derrota que, tal qual o Grêmio fizera na final da Taça Farroupilha, tinha o condão de perder para si mesmo. Eu gritei “Burro! O que tu tem contra o Oscar, seu Merda!”. O imprevisível mostrou que o burro sou eu. Zé Robernight jogou como nunca no Inter. Em casa, Celso Roth sorria com aquela cara de “Viiiuuuuu!!”. Em tabela com D´Alessandro, Zé Roberto foi ao fundo e cruzou. A bola era mais para o zagueiro do Grêmio, mas e daí? Leandro Damião, que Celso Roth deixava na reserva de Alecsandro antecipou-se e, tranquilo e infalível como Bruce Lee, tocou no cantinho. Agora eu cantando para Roth: Viiiiuuuuu!!
Terceira constante universal: se estiver razoavelmente equilibrado e jogar com raça, um time que tem jogadores melhores tende a ter maior volume de jogo do que um time com jogadores de pior qualidade. Mesmo ainda longe de jogar bem, o Inter equilibrou a partida. Em um rebote de escanteio, Andrezinho, tal qual fizera no Gre-Nal anterior, desferiu um golpe cirúrgico entre 397 jogadores do Grêmio. GOLO!! Note-se que mancava há cinco minutos. Andrezinho com um pé só: o Saci colorado!
Quarta constante universal: Sendo Vitor o goleiro do Grêmio, tomará gols decisivos desferidos pelos pés de Andrés D’Alessandro. No segundo tempo o Inter era melhor, tinha mais volume de jogo. Os 40.000 tricolores no estádio sentiram a barriga esfriar com a possibilidade de perder um título que, menos de hora atrás, parecia estar ganho. Zé Roberto, infernal, invadiu a área do Grêmio, mas estava muito pela ponta. Vitor saiu fabiocostamente e atingiu o jogador colorado em um carrinho desgovernado. Fosse Márcio Rezende de Freitas o juiz, Zé Roberto seria expulso e o Grêmio estaria comemorando o título. Mas não era. Pênalti corretamente marcado por Leandro Gordinho Vuaden, em atuação quase perfeita (só falhou porque poderia ter expulsado Guiñazu quando, acometido de seu costumeiro zumbido na cabeça, deu um carrinho violento em Douglas). D’Alessandro bate no cantinho, Vitor raspa com a unha na bola. Buxa! Bola nas redes. 1x3 Inter Campeão. Pega a bandeira e vamos para a rua! Ainda não: haviam outras verdades a serem cumpridas.
Quinta constante universal: Renan sairá de do gol de modo estabanado e tornará emocionante um jogo que se encaminhava bem para o Inter. O Grêmio retomou o controle da partida depois do gol do Inter que, inesperadamente, resistia bem. Renato colocou em campo dois atacantes. Bola na área do Inter, a zaga do Inter olha para os lados, Rafael Marques está no banco, Viçosa no chuveiro, não há perigo. Renan sobre e fica com ela. Então ele desce, bate a bola nas costas de Índio e SOLTA (putaquepariu Renan!). Borges, em busca de redenção, toca para o gol. Gol do Grêmio. A torcida tricolor, tão dada à religiosidade, volta a acreditar em imortais, em destinos sobrenaturais, na imantação da jaqueta tricolor. Eu, mais prosaico e objetivo, sigo repetindo, indignado, que o goleiro e a zaga do Inter NÃO TEM MAIS QUALQUER POSSIBILIDADE de jogar futebol profissionalmente. O Grêmio ainda perde um gol inacreditável com Bruce Lins. Zé Roberto dribla um defensor e desfere, de fora da área, um chute que o poderia consagrar. Vitor faz uma defesa estupenda. Vamos para os pênaltis.
Sexta constante universal: para andar de salto alto, tem que ter bala na agulha, do contrário, a bola pode punir. O Inter venceu nos pênaltis e fez a festa. Renan pegou três, Vitor dois. Inter campeão. Jogo de enorme emoção. Os dois times, com suas imensas fragilidades defensivas, facilitaram a vida dos ataques. Se os times não estão bem, pelo menos os jogos são cheios de gol. Concordo com o que o Iuri Muller disse no twitter (ou foi o Maurício Brum, nunca tenho certeza quando é um ou outro!): os dois times precisam se reconstruir. O Inter tem mais material humano com que trabalhar, mas Falcão terá que aprender rápido a ser técnico de futebol. De resto, é sempre bom ganhar do Grêmio. Foi bonita uma final com dois técnicos torcedores, visivelmente emocionados. Ganhar o Gauchão vale quase nada. Pior, só perder. VAMOOO INTEEERRR! CAMPEÃO!!
Vitória é vitória e ponto! Para mim, perderíamos o jogo novamente... Quase aconteceu, por culpa do Falcão. Nem sei o que chamar aquele esquema... não era 3x5x2... Sei lá o que era aquilo... Mas vamo que vamo, troca-se o esquema no meio do inferno que vivíamos e o negócio melhorou... Bom, temos somente um zagueiro, creio, que se chama Juan... Ainda acredito nele. O resto é para a equipe Masters. Nei continua naquela... esforçado, tentando marcar, mas não consegue apoiar. Kleber conseguiu fazer o que não vinha fazendo há muito tempo: jogar tudo errado todo o tempo. Acho que precisa sair com urgência. Logo, precisamos de dois zagueiros, dois alas e só deus sabe o que mais... Talvez volte o Sorondo, mas nunca se sabe... Assisti com o meu sogro, que passou falando que o Zé Roberto ia errar o pênalti quando batesse (não interessava quando, ele ia errar), e teve que amargar o dito cujo fazer o gol decisivo... Diga-se de passagem, os gols que os goleiros pegaram foram muito mal batidos... Credo. Alguem ai falou do Viçosa? Coitado do guri, eleveram a uma espécie de novo Jardel e o rapaz não dá nem pra um Alecsandro... Eu hein! Dá para dormir tranquilo com o título, mas preocupado com o time... Queria jogar a sul-americana... Essa eu levava mais fé!
ResponderExcluirBelo comentário, citado aqui: http://miltonribeiro.opsblog.org/2011/05/16/o-quadragesimo-gauchao/
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